sexta-feira, 27 de maio de 2011




Rotina

A onda passa
nas costas, girassóis ...
fúlvio é o caminho;
as moradas.
O sono adverte:
sonhar é bom;
use com moderação.
Depois,
a onda vem
meio louca meio turva meio nada
Quem sabe dos meios
conhece o fim.
Amanheço.
Só.
Amanheço só.

Mais um dia.


...

Lúcia Gönczy

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Essa mulher

como ganhar
perder
conquistar
essa mulher?

se falo,
retruca
se poetiso,
truco!


nela toda palavra [lavra]
palavrão
tesão
viagem

como suportá-la
insuportável?...
às vezes, me calo
quero colo
todo falo

outras,
qualquer pétala

não sei como.
procuro descobrir

o veto descobrindo-[me]
minha porção
feminina


de quando cala
meu falo
trucando
palavra que não volta

ah, essa mulher
quando me toca
desafino
viro menino -

nas mãos,
e
no afeto.


Lúcia Gönczy

sexta-feira, 6 de maio de 2011




Consumação


agora
que o cansaço virou água
a emoção viajou
no ontem de amanhã
trago violetas e margaridas
flores verdadeiras
umas vivem menos
outras nunca morrem
justamente como ontem
especialmente como a manhã
nunca presente.


Lúcia Gönczy

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alguma coisa ou nada do que possa parecer

Fazer um poema bonito
rimar
contracenar
esquecer.

Nenhum arauto ou rei

pouco importa
designações

onde fui rainha
sou plebéia

minha fonte jorra
como a tua...talvez

e aquele chão batido de terra
terra nossa
nossos pés

já não é.

literalmente,


já não é.


Meu cavalo, meu princípe
cavalgar-me ou cavalvar-te?

uma cabra e um carneiro...

Lúcia Gönczy
Moinho

Na cama onde me deito
Asfalto
Juntaram nossos corpos
No sonho antigo
Lençóis, travesseiros macios
Banheiro sem porta

Agora,
Na cama em que me deito
Insônia
Dor de orelha
Estacionamento.

Saberá no sono que me
Faz
A noite embrulhada
De lembranças...

Moço, na nossa cama
Nem leito
Nem provas
Nem nada

Aquele 212 virou água

Na cama em que me deito,

Passado.



Lúcia Gönczy