terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"TODOS OS DIAS ME LEMBRO DE TE ESQUECER"

estranho essa coisa de amor:-
vem, arrebata, costura e desfia
por si só
como a força do próprio nó
que se desgasta
...
estranho essa falta falta de dor
encalacrada nas entranhas:-
já estava bem acostumada
a fisgadas diárias e intermitentes...

agora, só o vazio; o nada.
será isso mesmo a vida?

Lúcia Gönczy

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Vital ( Só por Hoje)
Como do ar...

preciso da voz do silêncio
do múrmurio do vento
dos carinhos da chuva
da volatilidade dos pássaros

preciso confiar na vida
solidificar princípios
afastar precipícios:-
preciso aprender alimentar
meus lobos internos

preciso da constância da felicidade
do hoje e de sobra
preciso não pensar em nada
nem imaginar como seria se fosse
viver o momento que é eterno e amanhã
quem sabe nem existe

preciso aprender a controlar impulsos
primitivos
sorrir com calma quando tudo parece perdido
acordar ao lado de quem amo com urgência

preciso apenas deste dia
único; certo
preciso você por perto
para que tudo
no fim
se concretize


Lúcia Gönczy

Abril/2008

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A parte ( para meu amigo e sócio P:PP, Allan Vidigal)

A parte que te completa
não é essa
não é certa
Mais parece um parafuso solto
num buraco desordenado
É aquela que te cabe
muito ou simultaneamente
e que você gostaria de ser e não pode

A parte que te completa
não é a sua cara metade
aquela do ser feliz pra sempre
nem é aquela com que você vive,
mas convive em perfeita harmonia
dá bom dia e se despede

...

A parte maluca, sonhadora
a parte sombria, depressiva
a parte face
a parte fotografia

à parte, o Round
O tinteiro descarregado
a felicidade refletida
noutra face:-

A sua!

Lúcia Gönczy

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dispenso as más línguas

bocas sujas de mel cheirando
à fel

Sarjetas sob disfarce de bons
modos

Dinamites implodidas...

Detesto o mal me quer disfarçado

de bom moço

Quero, sim, o verbo ácido e ávido

A palavra que fere a verdade;

Ao invés de trocadilhos baratos

quero a vida, exatamente,
como
ela é:

sem censura...

sem cortes!



Lúcia Gönczy