sexta-feira, 9 de abril de 2010

Remate


sinto-me tão plena
que me espanto tamanha euforia
de estar só em só alegria
a observar-te no meu encalço

o que me faz extremada de gozos
ver-te verter que te apareças
escrita, falada ou muda
a qualquer hora do tempo

e na paisagem interior,
impossível transgressora
amá-lo mais do que possa
até virar-te pelo avesso

entretanto foi uma fábula
tudo que vivemos
anéis sem aro sem vidro sem brilho
deixemos assim simplesmente

ainda que estamos íntegros
nem cortes nem cicatrizes
façamos como nos filmes:
final feliz, The End.


Lúcia Gönczy

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