segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Alguns poemas do meu livro de 2007




eu não me importo
não me importo com a mansidão do teu silêncio
não me importo com descontentamentos
nem me importo com os recomeços
eu não me importo
não me importo com certos fantasmas
como solidãosaudademedo
eu não me importo
não me importo em voar

desde que seja só pra pousar no seu olhar

Lúcia Gönczy



Pro
Funda
Mente
minhas lentes
capturam
tua
imagem

Relutante vens a mim
neste vácuo
contorno metalizado
pós moderno
em olhares surreais

E é como de fora
meus olhos te puxassem
e tuas cores transpusessem
o universo da paisagem

Quero-te pleno
todo ótica
Quero-te dentro
da utopia e do
desejo
Quero-te rio
límpido
pedra
limo


Quero-te sol
Quero-te lua
Quero-te chuva e
acima de tudo
Quero-te Livre
de todas as maneiras
que a natureza
me conceder


Lúcia Gönczy

nossos mortos não vestem luto/perambulam pelas ruas/dormem sob viadutos/comem ratos/bebem água de esgoto./ nossos mortos não vestem luto/possuem o olhar parado/andam em círculos/ não tem família nem amigos/são seres excretados/como as fezes que os vestem./nossos mortos não vestem luto/sobrevivem porque a vida é forte/e embora isso não te diga nada, saiba:nossos mortos não vestem luto/nossa consciência é depravada/nessa ausência de sentidos/somos nós, alienados...nossos mortos não vestem luto./nossos mortos estão VIVOS!

Lúcia Gönczy


quando as comportas se abrem
o cerco se fecha
vozes se calam
noites vegetam
dias se deitam
há paradigmas
estruturas se delatam
e deletam
tropeços, acertos
con-tato sem tato
sombras, pensamentos
tudo vago vaga socorrendo-se
ao tempo que se liberta
de trancas e amarras
[...]
Lúcia Gönczy