quinta-feira, 14 de julho de 2011

Insana

A nota voa
som mata terra ar
fogo que vem
transmutando
deforma
a veia e a palavra
nada
tudo
basta
onde perdi
achei
desviei
meu caminho
sigo só
de repente, alento
não basta
sonho que se sonha
acordado
movimento e
fossa
trejeitos escondo
entre passos
falsos
bem mais falsos
do que este
mundo
alardeado de cimento
e pó


Lúcia Gönczy

terça-feira, 5 de julho de 2011

nem todo ritmo é luz

nem toda onda nada

o etéreo nem sempre vaga

a pista nem sempre ata

o beijo nem sempre é língua

a transa nem sempre é gozo

fugaz não quer dizer nada

o corpo nem sempre é osso;

sonoro também é ausência

de nada que nada vale

presente não é passado

senhor das horas, do tempo

nem toda ferida sangra

nem todo ungüento sara

aurora quase boreal espalha

vento fumaça fuligem

no ser que tudo abraça

nem todo abraço afaga

traço meu traço vago

à lápis à vida

cansaço

no punho,

aço.



Lúcia Gönczy