quarta-feira, 24 de novembro de 2010

toque

o pensamento me toca
me toco quando te penso
que mesmo frente ao ar
mais denso,
levito entre dedos

o pensamento me toma
e acre, descontento-me;
são tuas, as minhas mãos
imensas, imersas, vazias

o tempo do toque
entre o púbis e o sonho
incansável, frenético, tenso...

o pensamento me toca
prenho-me de estapafúrdios gozos;
deliro teu nome por dentro

posto que, meu segredo [in]visível,
continua calado conflito:-

amor e pensamento
toque e desejo.


Lúcia Gönczy


"Abre-te:
atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes"

(John Donne- Elegia: indo para o leito)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

[In] Confissão


Continuo escrevendo pra você...

certo que, bem menos.
menos tempo
menos entusiasmo
menos amor
mais cansaço.

Entretanto, conservo-o
vivo e quente na memória
da pele, do cheiro, do tato.

Certo...
Cada vez menos reticências,
carências e síndromes de abstinência -
que ratificam a espera impugnada;
os laços em nós, desatados.

Não sinto mais ausência nem
dor;
Só apuro os fatos, e ...sem querer,
novamente me delato:

Sim, eu ainda te amo!

Lúcia Gönczy

sábado, 13 de novembro de 2010

Ócio

é penumbra
saudade
fuligem

antagonismo
viagem
e uns poucos
mínimos
sorrisos

aquela roupa
aquele dia
aquela tarde

ele invade
e permanece
como luta
contra e a favor

do tempo

depois,
o ócio torna-se
ocioso
bruma e vento]

nenhum de nós
santifica
provém
vangloria-se

tudo que nele contém
de vida e morte
de riso e dor

O ócio me desdenha;
e mesmo que

eu te ame além
morta estou

nenhum ócio
nenhum sorriso
nenhuma metade
[inteira]

É a vida,
AMOR...

PASSAGEIRA.

Lúcia Gönczy

domingo, 7 de novembro de 2010



RUPTURA

crônica e louca
ainda pulsa
a invisível
a inexplicável
a inexorável
dor

Lúcia Gönczy