quarta-feira, 11 de novembro de 2009





Itaipú 10/11/09



É noite. Penso em você. Parece que o breu chama a luz fraca do olhar E eu,

Aqui no canto, escondo sonhos. Pilares que sustentam Sua imagem celular

Rádio transmissores , ondas telepáticas Comunicam-se na escuridão

da torre Luminosa que pisca na Paulista sem parar, assim Como meus pensamentos de neon

neste Candelabro húngaro...

Luzes de emergência permeiam meu cérebro. Buzinas, carros, gritos histéricos,

Atitudes Pueris ocupam ruas que já não vejo; Apenas adivinho.

Em noites assim, apagam-se também os sonhos, E pessoas, obrigam-se acordar

para dentro, À luz de uma nova percepção.

De repente, todos os sentidos, Exceto a visão, aguçam-se; dilaceram a máxima “ver para crer”,

Pois já não se vê – “apenas se crê,”

a fé, então, torna-se uma espécie de apagão meio as brancas Paredes, janelas negras. Tudo estático

e de uma impotência angustiante. A ansiedade toma conta da folha também branca. O reencontro, mais Apaixonado devido à distância, invade os corações do escritor e do papel.

o tinteiro, retomado, Retorna as origens. Tudo nunca fez tanto sentido quanto agora: A tinta no cargueiro, Céu sem estrelas, nuvens sem teto...

Uma música enche a noite cerceando a escuridão – alta, confusa, estridente, ardente...

Uma musa, uma música. o garfo que cai tilintando sons de metal, confunde-se a um barulhento rádio barato,

De pilhas enferrujadas, meladas que como a noite viram morte enquanto a jovem pan anuncia as “últimas e únicas” notícias aos notívagos de Platão. Nada mais segura A esperança! até os ruídos, aos poucos evaporam-se nas sombras. Tudo se faz silêncio; Um silêncio cheio de barulhos não identificáveis. Tosses, espirros, bruxismo – falta luz e falta sono e apenas eu, no meu ninho , Ouço atenta as vozes da noite ; são as quatro paredes amareladas que conversam animadamente com uma moldura antiga. parecem gargalhar da situação que, por um triz, Não entro no clima , participando da grande piada, tipo: seria cômico de não fosse trágico”

Isolo-me! Sou eu naquela foto: Tão alienada, tão sem paisagem, tão embalsamada à moldura,

Às paredes, ao chão de tacos. Panos espalhados pelo quarto, um pouco de poluição em pó; coisas comuns enchem a minha Solidão; preenchem o vazio do meu quarto : quarto crescente, lúcia minguante.

De repente, um sopro forte chacoalha o aposento. a chama que ameaça diluir-se em fumaça confunde-se

Ao silêncio, as vozes, aos ruídos do velho rádio. Amarela-se às paredes, penetra na moldura e funde-se à minha foto p&b. Tranqüilizo-me e penso: agora sim somos uno, enfim. Não sou mais eu nem as coisas que me cercam, mas as coisas que me invadem ; as coisas que me tomam e se apoderam. Fruto de horas Silenciosas; nesta nossa companhia, interagimos aquecendo a solidão do quarto. Sinto-me possuída por uma calma quase plana; algumas pontadas rasgam-me as entranhas ...dói o corpo; dói a alma e A memória. Nenhum sino bate as horas.

Pra quê relógio? Pra que saber das horas, se no escuro, o relógio também para e isso, não faz a mínima diferença quando inala-se solidão e escuro por todos os poros; enche-se os pulmões de nadas. Tudo é estranhamente absurdo, insípido, inodoro e sem nenhum sentido. O único sentido é escrever até energizar ou pirar no escuro; escurecer na danação do quarto minguante, crescer no escuro. Molhar o teto, olhar o chão. Esquizofrenizar a solidão, o medo, a demora é a forma mais real e concreta de vencer o pânico na noite de pedra, Agradecendo ao pequeno rádio notícias da Jovem pan...

à usina de Itaipu pela quebra,

E rezar para que tudo acabe ou não

Em pizza,

novamente!



Lúcia Gönczy

quinta-feira, 5 de novembro de 2009


EM FIM*

Um momento

Uma paz

Um sonho

um caminho

uma nuvem



um dia comum.



um meteoro

uma estrela

uma tremedeira

a face toda vermelha

uma batedeira por dentro...



um recado

uma resposta

uma espera



você chega.



um olhar

um sorriso monalisa

nos lábios, um canto



a verdade acontece.



o real tão real

o barulho do carros

pessoas na rua

semáforos

esquinas

nós.



tudo dentro

do

clima.

uma vaga

(`) a nossa espera

felicidade



fim.



Lúcia Gönczy



O Leaozinho


Gosto muito de te ver, Leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, Leãozinho

Para desentristecer, Leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol pai de toda a cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, Leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, Leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar numa


Caetano Veloso (letra e música)









Poema de amor?
Se eu quero um amor?
Quero, sim, por quê não?
Mas não me venha com esses
de bichinhos de pelúcia,
vinhos caros e bombons.
Quero amor caco de vidro.
De ressaca de bourbon.

Não um amorzinho belo,
amor flores e arco-íris,
serenatas, violinos.
Se vier amor, que seja
concertina, amor tormenta,
tatuagens, overdrive.

Muito menos um amor
com flechinha de cupido.
Seja um amor violento,
um amor bala perdida,
um amor ponto cinquenta.
Um amor roleta russa.

E nem me venha com essa
de amor de coração.
Um amor só me interessa
se for desses que se sente
como um soco no estômago
e, de resto, tão sutil
quanto um bom chute no saco.
(jun '09)

ALLAN VIDIGAL

http://allanvidigal.blogspot.com